Mal deu tempo para a indústria automotiva celebrar a redução do IPI e novos desafios se impõem na sequência: uma guerra e muitas incertezas.

Por mais que não represente uma redução expressiva nos preços finais dos veículos, a medida leva a um cenário mais positivo, que pode ser prejudicada pelas consequências do conflito entre Rússia e Ucrânia.

Nessa quarta-feira (9), o governo federal editou o decreto e estendeu a redução do IPI aos modelos em estoque de quando a medida foi decretada. De acordo com a Fenabrave, 83 mil veículos seriam beneficiados. As lojas poderão emitir nova nota fiscal com o valor de IPI mais baixo, sem precisar devolver os veículos fisicamente à montadora.

O impacto sobre os preços é estimado pela Anfavea entre -1,4% e -4,1%. Enquanto poucas marcas anunciaram redução de preços (Kia, Ford, Toyota, Lexus, Jeep e Nissan), sabe-se que tudo é motivo para reajustes (para cima). Então, é preciso observar o quanto e até quando a baixa do IPI chegará ao bolso do consumidor.

Riscos da guerra

Ao mesmo tempo que reduções trazem alento, Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, indicou as principais preocupações que as associadas têm em relação a desdobramentos mais graves nos conflitos do leste europeu.

Entre elas, a valorização de commodities (aço, alumínio, níquel, cobre); riscos ao agronegócio (impactos na importação de fertilizantes, potássio, ureia e nitrogênio); prolongamento da crise de semicondutores (Ucrânia e Rússia são responsáveis por matérias-primas desses componentes); riscos logísticos (congestionamentos de portos, falta de contêineres, atrasos de navios, fretes pressionados e alteração de rotas aéreas para transporte de carga); e riscos econômicos, como pressão inflacionária e aumento das taxas de juros.

Melhora em fevereiro

Nos números de fevereiro, a Anfavea registrou pequena alta de 2,2% nos licenciamentos sobre o mês anterior e uma retração de – 24,4% no bimestre em relação ao mesmo período de 2021.

Moraes aponta que a conjunção de problemas como ômicron, férias coletivas e falta de componentes foi responsável pelo fraco desempenho e tudo indica que o mercado se recuperará logo.

A produção avançou 14,1% entre os dois meses, também com acumulado desfavorável, de -21,7%.

“Esperamos uma boa reação do mercado em março, um mês mais longo, sem feriados, com vários modelos com preços reduzidos nas lojas e historicamente mais aquecido que janeiro e fevereiro”, declarou Moraes.

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