As perspectivas para 2022
A recuperação do mercado é indiscutível para a maioria dos líderes do segmento automotivo, mas com algumas ressalvas. Durante o Congresso AutoData Perspectivas 2022, a Anfavea, associação que reúne as montadoras, apontou que a vacinação trouxe um alento. “A doença foi a origem do problema e a vacina é a origem da solução. Com a saúde da população sob controle voltam os serviços, os eventos, o turismo. Isso faz a economia rodar, gera empregos em vários setores”, afirmou Luiz Carlos Moraes, presidente da entidade.
Renault busca renovação
Para Ricardo Gondo, presidente da Renault no Brasil, o mercado deve crescer de 15% a 20%, puxado pelas locadoras, que têm demanda reprimida e precisam renovar sua frota. Ao mesmo tempo, acredita que o primeiro semestre ainda será impactado pela falta de semicondutores, com expectativa de atender melhor à demanda no segundo semestre.
A renovação de portfólio de veículos e de motores da Renault estão em discussão com a matriz francesa após o término do ciclo de investimentos em 2022, de R$ 1,1 bilhão. O mais recente lançamento da marca, o Captur, recebeu o elogiado motor 1.3 turbo importado da Espanha e sua nacionalização passa por análise.
GM está otimista
Uma das montadoras mais afetadas pela falta de microchips, a General Motors está com muita esperança em 2022. Seu novo presidente para a América do Sul, Santiago Chamorro, estima que as vendas de veículos no Brasil devem subir de 20 a 30% em 2021.
Para Chamorro, somando pontos positivos e negativos haverá um crescimento da indústria no ano que vem. “Nosso foco, a curto prazo, será atender a demanda reprimida e reduzir o tempo de espera por nossos veículos”, disse.
Volks aposta no etanol
A inflação que desponta em 2021 é alvo de preocupação para Pablo Di Si, presidente da Volkswagen para a América Latina. Apesar da forte demanda – e reprimida – por consumidores que deixaram de viajar e agora querem comprar um bom carro, os preços mais altos podem indicar um momento de equilíbrio.
Olhando para o futuro, enquanto o mundo discute a eletrificação, a Volkswagen quer dar uma atenção especial ao etanol, na expectativa de tornar o Brasil em Centro de Desenvolvimento para Biocombustíveis. “Nós teremos elétricos, mas eles conviverão com os veículos flex e os híbridos flex. Não podemos desprezar o que o Brasil tem de melhor, que é o etanol. A Volkswagen está desenvolvendo o seu híbrido, que poderá rodar, também, com etanol”, antecipou.
Toyota vai investir na eletrificação
Com o câmbio elevado e sem perspectivas que baixe, a Toyota fará um esforço pelo aumento de nacionalização de componentes, o que também traria mais segurança e previsibilidade às suas operações.
Com expectativa de crescimento acima de 20% em 2022, Rafael Chang, presidente da Toyota do Brasil, já vislumbra aumentar mais um turno em sua fábrica de Sorocaba (SP). A marca fez um tiro certeiro com seu SUV Corolla Cross, que é sucesso no Brasil e exportado para mais de 20 mercados na América Latina.
Os planos são ousados: ter até 2025 todo portfólio no Brasil eletrificado. Uma das apostas, além do híbrido flex, será trazer modelos atuais com tecnologia híbrida plug in – o veículo poderá rodar com gasolina e terá o motor elétrico, com recarga na tomada, como adicional.
Caoa só pensa em crescer
Após a morte de seu fundador, a Caoa quer manter o ritmo de crescimento para 2022, com novos produtos em todas as marcas: Chery, Hyundai e a nova Exeed (marca de luxo da Chery). Os utilitários esportivos e sedãs são as principais apostas, de acordo com o presidente, Mauro Correia, que também colocou suas perspectivas para o próximo ano no Congresso AutoData.
O Grupo produz SUVs em Anápolis (GO) e também sedãs em Jacareí (SP) e Correia estima uma alta de 10% nas vendas, se a falta de componentes se regularizar. Em 2020 o grupo investiu R$ 1,5 bilhão e lançou, com essa rodada, os modelos Tiggo 8, Arizzo 6 e Tiggo 3x.
Para 2022, a estimativa é chegar a 100 mil veículos vendidos, de todas suas marcas. Só a Chery este ano espera avançar 50% sobre 2020, com a comercialização de 40 mil unidades. A rede cresce, com expectativa de encerrar 2021 com 140 lojas.