Lucia Camargo Nunes é economista e jornalista especializada no setor automotivo, editora do portal www.viadigital.com.br e do canal Via Digital Motors no YouTube.

A Ford, junto com General Motors e Stellantis, são as únicas empresas de veículos a investirem em um campo de provas no Brasil. Há ainda centros de testes de fabricantes de caminhão (Volvo e Mercedes-Benz), pneus (Pirelli e Goodyear) e autopeças (ZF/TRW e Randon).

Após 44 anos de sua inauguração, a Ford transforma o antigo Campo de Provas de Tatuí em Centro de Desenvolvimento e Tecnologia. Ao perceber que poderia aliar a infraestrutura com um capital humano qualificado, surgiu a oportunidade de expandir os negócios e oferecer os serviços para outras empresas, tanto do segmento automotivo como de outros setores.

Tecnologia 5G e sensores de direção autônoma

Em nova fase, a operação recebe um nível superior de digitalização, fundamental para desenvolver veículos conectados, elétricos e autônomos. Tatuí terá uma antena 5G e sensoreamento das pistas para comunicação com os sistemas de direção autônoma, por exemplo.

Por ali também a Ford faz testes com carros inéditos no país e que podem estrear em breve no mercado, como o Mustang Mach-E e E-Transit. Confira aqui: https://viadigital.com.br/2022/08/12/mustang-mach-e-esta-no-brasil-mas-ainda-longe-de-nos/

“Tatuí representa um diferencial competitivo e estratégico para a Ford no Brasil e no mundo”

Rogelio Golfarb, vice-presidente da Ford América do Sul

Para o executivo, essa ação prova que investir em desenvolvimento de tecnologia e inteligência automotiva é um negócio rentável.

Rogelio Golfarb, VP da Ford América do Sul

Novo modelo de negócio

A Ford fechou suas fábricas (Camaçari, BA, Taubaté e São Bernardo do Campo, SP) entre 2019 e 2021 e encerrou a produção de veículos no Brasil, passando a ser apenas importadora.

Contudo, manteve no país áreas de desenvolvimento de tecnologia e inteligência automotiva. Junto ao investimento de Tatuí, a Ford ampliou o Centro de Desenvolvimento e Tecnologia, com sede na Bahia.

A área de desenvolvimento do produto conta hoje com um time de 1.500 profissionais e tem a expectativa de gerar uma receita de R$ 500 milhões em 2022 com a exportação de serviços de engenharia para mercados globais.

A marca não informa quanto espera faturar com a abertura do Centro de Tatuí, que é um dos sete da Ford no mundo. Um de seus principais diferenciais competitivos (única da América Latina) é unir a estrutura com engenharia local.

Laboratório de emissões em Tatuí

440 tipos de testes

Em sua estrutura há 40 km de pistas de terra e 20 km de pistas pavimentadas, que incluem áreas de alta e baixa velocidade com diferentes tipos de piso e traçados. Dos 4,66 milhões de m² de área, 3,63 milhões de m² são de áreas verdes preservadas, com árvores nativas e mais de 360 espécies de animais.

O local está preparado para realizar mais de 440 tipos de testes, como avaliação de durabilidade, calibração, desempenho e segurança, além de homologação. Desde o início das atividades, mais de 250 milhões de quilômetros já foram rodados nas suas pistas, o equivalente a mais de seis voltas ao redor da Terra.

Os laboratórios de emissões, desmontagem e análise de peças (Teardown), dinamômetro de motores, vibroacústico e simulador de estradas para avaliação de suspensão (4Poster) são equipados para realizar mais de 400 testes, atendendo a legislações e normas nacionais e regionais.

Há também as áreas de suporte, com garagem experimental, montagem de protótipos, almoxarifado e posto de combustível, além de carregadores para veículos elétricos, incluindo um ultrarrápido de até 60 kW CC e 43 kW CA.

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