Um mercado com potencial para consumir 800 mil carros por ano está se preparando para encerrar 2021 com menos da metade disso. Este é o cenário desenhado pela Abla, a associação que representa as locadoras do Brasil. A expectativa é de emplacar 380 mil veículos este ano, ante 620 mil de 2019 e 360 mil em 2020.
Não à toa, seu presidente Paulo Miguel Júnior aponta que o setor automotivo vive um “momento de exceção”. Por causa da crise dos semicondutores e tantas paralisações de fábricas, as montadoras não aceitam mais pedidos e com isso as locadoras não conseguem renovar suas frotas.
Entre as consequências, além da dificuldade em atender clientes, há um aumento da idade média dos veículos – de 14 a 15 meses antes da pandemia passou para 23 meses.
“Há prazos de 240 a 300 dias para a entrega dos veículos já solicitados e tem locadora pequena que fez pedido de dez carros em dezembro do ano passado e até agora não recebeu”, disse Miguel Júnior.
O que esperar
Sem querer fazer projeções para 2022, a Abla não crê na recuperação, já que a crise de componentes deve se estender para o próximo ano.
Entre os segmentos que alugam carros, a associação estima uma recuperação em “V” do setor de turismo. No momento, a demanda está bem acima da oferta.
Situação inversa vivem os motoristas de aplicativo. Antes da pandemia eram 200 mil os veículos alugados. Em abril e maio de 2020 foi registrada uma retração de 80% na locação com forte retomada naquele segundo semestre. Esse reaquecimento, contudo, não se sustentou. Recentemente, a entidade registrou a devolução de 30 mil veículos em função dos preços dos combustíveis.
Com 11 mil locadoras pelo país, a frota total hoje é de 1,070 milhão de automóveis e comerciais leves e a montadora que mais vendeu para locadoras em 2021 (até setembro) foi a Fiat, com 105.344 autoveículos.