Um ano após a saída da Ford do Brasil, a marca caminhou devagar com a renovação de seu portfólio. Antes da decisão estratégica, a situação da Ford em 2020, lembra o consultor automotivo Francisco Mendes, era de 139 mil unidades vendidas, com 7,1% de market share e 280 pontos de vendas.
Após decidir encerrar a produção no Brasil, a marca de origem norte-americana conclui 2021 com 1,1% do mercado, 25 mil unidades importadas vendidas e um enxugamento de rede que chega a 110 lojas (número que ainda pode ser reduzido).
“Naquela época que decidiu fechar, Ka e EcoSport representavam mais de 80% de seu volume local”, avalia Mendes, que em seu balanço desconsiderou as unidades remanescentes desses dois modelos descontinuados.
Com isso, restou à “nova Ford” emplacar no Brasil a Ranger (84,3% de suas vendas), Territory (9,2%), Bronco (4,3%) e Mustang (2%). Nem a vida da Ranger tem sido muito fácil. A picape da Ford enfrentou problemas de fornecimento de peças e teve altos e baixos em 2021.
Enquanto o segmento de picapes cresceu 25% em 2021, as vendas da Ranger avançaram apenas 3%. O SUV chinês Territory teve uma queda de vendas no segundo semestre e o Bronco manteve uma média mensal de apenas 150 unidades.
Não cresce muito
Os novos modelos não tendem a aumentar muito seu share. A Maverick, picape média que chega em breve, vai vender entre 1.800 e 2 mil unidades, pouco em relação à Fiat Toro, sua principal rival, que em 2021 teve 38 mil licenciamentos. E ainda, afirma Mendes, “com risco de canibalização com a Ranger”, ou seja, o consumidor deixar de levar a picape maior pelo modelo menor.
O consultor estima que todas as marcas devam crescer neste ano. “Considerando o peso da Ranger, com um fornecimento continuado na casa de 2 mil unidades, a Ford vai melhorar sua participação e deve encerrar o ano em 1,4%”, conclui Mendes.