A Stellantis vem se destacando como a principal fabricante de carros instalada no Brasil com alguma sobra. A empresa parece ter gostado da brincadeira e não quer mais largar o osso. Errada não está.

Não só ela tentará manter suas duas principais joias, Fiat e Jeep, na crista da onda em seus respectivos segmentos, como pretende agora alavancar outras marcas no país. Estamos falando, especialmente, de Citroën, Ram e Abarth, divisão esportiva da própria Fiat que será alçada à condição de grife, quase uma marca, conforme antecipado pelo AutoPapo.

A primeira atuará em uma faixa mais popularesca, sendo posicionada talvez abaixo até da própria Fiat na escada da companhia. A segunda, que já se vai bem-sucedendo ao explorar o ainda pouco povoado mercado de luxo nos rincões do Brasil agro, ampliará suas faixas de atuação. A terceira terá posição estratégica de construção de imagem e valor.

Autonomia

Há uma clara vantagem da Stellantis em relação a qualquer concorrente instalada em nossa região: sua autonomia é muito maior. Enquanto rivais precisam esperar, às vezes implorar por movimentos das matrizes, o braço “FCA” da recente fusão tem aqui uma de suas fontes de renda mais importantes. Por isso, recebe mais atenção e tratamento prioritário.

Fica difícil vislumbrar mesmo uma GM ou uma VW freando o embalo da Stellantis estando, elas próprias, engessadas por decisões que serão deliberadas e tomadas a milhares de quilômetros daqui, nos EUA, na Europa ou até na China.

Pode acontecer, claro, mas a Stellantis tem demonstrado um entendimento muito maior das tendências de nosso mercado e, não menos relevante, um poder de reação bem mais ágil às movimentações da concorrência. São duas vantagens enormes.

Uma demonstração clara dessa força veio na última semana, quando o CEO do grupo Stellantis, Antonio Filosa, anunciou uma ofensiva com 23 produtos totalmente novos a serem lançados até 2025, sendo sete carros híbridos/elétricos, além de 28 reestilizações de modelos já existentes.

Os 16 novos modelos a combustão da Stellantis até 2025

Quais produtos são esses? Com ajuda do amigo Marlos Ney Vidal, do site Autos Segredos, talvez o maior conhecedor de projetos da Stellantis no mundo, cheguei a uma lista completa para os 23 carros totalmente novos. Confira quais devem ser e quando devem chegar:

Novo Citroën C3 (lançamento em 2022)

Deve, aos poucos, ocupar o lugar do Fiat Mobi como carro de entrada da fabricante no país.

Ram 3500 (lançamento em 2022)

Será a maior, mais forte e mais cara picape à venda oficialmente no país.

Peugeot Landtrek (lançamento em 2022)

Iniciará a incursão da empresa em um dos poucos segmentos nos quais ainda não atua: o de picapes médias, com foco em versões de trabalho.

Fiat Fastback (lançamento em 2022)

SUV cupê derivado do Pulse, será posicionado entre ele e o Jeep Renegade.

Abarth Pulse (lançamento em 2022)

Promoverá a reestreia da divisão esportiva, agora com status de marca.

Peugeot Partner Rapid (lançamento em 2022)

Derivado do Fiat Fiorino, substituirá o atual Partner.

Jeep Grand Cherokee L (lançamento entre 2022 e 2023)

Enorme, importado e com sete lugares, será o SUV mais caro da marca.

Jeep Gladiator (lançamento em 2023)

Virá como picape média de luxo e “descolada”.

Novo Citroën C3 Aircross (lançamento em 2023)

Sua missão será ocupar o posto de “SUV mais barato no Brasil”.

Novo Fiat Scudo (lançamento em 2023)

Irmão de Peugeot Expert e Citroën Jumpy, povoará a lacuna deixada pelo Doblò.

Abarth Fastback (Lançamento em 2023)

Segundo produto da nova marca será uma derivação esportiva do já mencionado SUV cupê.

Novo Citroën C4 de 7 lugares (lançamento em 2024)

Brigará com o Chevrolet Spin e, possivelmente, Hyundai Creta Grand entre os modelos de sete lugares mais baratos.

Ram 1200 (lançamento entre 2024 e 2025)

Será a picape média para brigar com as versões cabine dupla e de topo de Toyota Hilux, Chevrolet S10 e cia.

Citroën C3 Lounge (lançamento entre 2024 e 2025)

Sedan compacto tentará pescar clientes em um segmento que todos estão abandonando.

Nova geração do Fiat Argo (lançamento em 2025)

Utilizará a plataforma CMP do Peugeot 208 e não a derivação simplificada do novo Citroën C3.

Nova geração do Jeep Renegade (lançamento em 2025)

Marcará a chegada da base EMP2 (acima da CMP), que também dará vida à próxima geração dos demais Jeep nacionais.

Os 7 híbridos e elétricos que devem chegar até 2025

Maioria dos modelos já existe no exterior: confira quais serão os 7 futuros carros elétricos e híbridos da Stellantis.

Jeep Compass 4xe (lançamento em 2022)

Híbrido plug-in, previsto para ser apresentado nos próximos meses.

Peugeot 2008 e-GT (lançamento entre 2022 e 2023)

Reforçará o posicionamento da marca como mais nichada no mercado de carros de passeio.

Jeep Grand Cherokee 4xe (lançamento em 2023)

Será a configuração de cinco lugares do SUV grandalhão, também com motorização híbrida plug-in.

Fiat e-Scudo (lançamento em 2023)

Assim como Peugeot e-Export e Citroën e-Jumpy, a van derivada da Fiat terá uma versão 100% elétrica vinda da Europa.

VUL Peugeot (lançamento em 2024)

Ao que tudo indica, a Peugeot terá outro utilitário no país e será 100% elétrico, com chances de produção regional.

Ram 1200 MHEV (lançamento em 2024)

Uma das especulações sobre a Ram 1200 é que a picape derivada da plataforma da Toro terá uma configuração híbrida leve.

Novo Jeep Renegade 4xe flex (lançamento em 2025)

A segunda geração do Renegade prevê a estreia do motor T270 híbrido flex em nosso país, com produção local.

Facelifts

Sobre os facelifts, serão aplicados em quase toda a gama de modelos existentes atualmente, nacionais ou: Fiat Argo, Cronos, Strada e Ducato, Jeep Commander e Wrangler, Peugeot 208 e Ram 2500 certamente estão na fila, além de produtos que acabaram de chegar ou ser renovados, como Fiat Pulse e Toro, e Jeep Compass.

Podem entrar na conta, ainda, atualizações de motorização, como o Peugeot 208 com motores Fiat, e versões inéditas, como a Ram 1500 Classic (antiga geração da picape grande, que comporá o catálogo da linha 1500 ao lado da já conhecida Rebel).

Como se vê, o foco para as categorias de carro de passeio será quase total em Citroën (entrada), Fiat (intermediário) e Jeep (premium). A Peugeot tende a cada vez mais se tornar uma marca de nicho ou voltada ao mercado de comerciais leves eletrificados.

*Leonardo Felix é jornalista especializado na área automobilística há 10 anos. Com passagens por UOL Carros, Quatro Rodas e, agora, como editor-chefe da Mobiauto, adora analisar e apurar os movimentos das fabricantes instaladas no país para antecipar tendências e futuros lançamentos.

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