Fernando Calmon*

Restrições de produção, conforme comentei semana passada, influenciaram as estratégias de cada fabricante ao longo de 2022. Várias marcas foram compelidas a mudar o mix de produção e priorizar modelos de maior rentabilidade como SUVs e picapes. Pelo menos não houve paradas por até cinco meses como ocorreu em 2021 com os produtos da marca Chevrolet, mas interrupções pontuais continuaram a afetar as vendas também de outros fabricantes.

No ranking por segmentos os SUVs compactos (472.884 unidades e mais 4% frente a 2021) voltaram a comandar o mercado brasileiro frente aos hatches compactos (422.615 unidades e menos 5%). O HB20 liderou entres os hatches compactos com 95.489 unidades comercializadas. Líder dos SUVs compactos o Tracker teve 70.671 unidades vendidas.

Em relação ao ano de 2021 não deixou de haver vencedores e vencidos em 2022. Pelo segundo ano consecutivo a picape Strada apareceu como veículo leve mais vendido no País (112.351 unidades), cenário visto pela primeira vez em 2021. Em compensação a Toro quase perde a liderança entre as picapes médias (capacidade de carga de 1.000 kg) para a Hilux. Diferença foi de apenas 0,6%: 934 unidades.

Entre os sedãs grandes o elétrico Taycan, que já liderou com folga maior, venceu por 14 unidades o Panamera da mesma marca. Aliás, a Porsche ganhou a disputa em dois dos três segmentos em que atua no Brasil. BMW também venceu em dois: sedãs médios-grandes e SUVS grandes. O Mustang foi outro destaque entre os cupês esportivos (53% pela primeira vez) e o 911 ampliou sua vantagem para 56% nos cupês esporte.

Em um dos segmentos de grande rivalidade – SUVs compactos com nada menos de 24 modelos – o Tracker venceu o T-Cross e o ex-líder Renegade escorregou para o quarto lugar. A Jeep, porém, levou o Commander a liderar entre os SUVs médios-grandes.

Ranking da coluna tem critérios próprios e técnicos com classificação por silhuetas. Referência principal é distância entre eixos, além de outros parâmetros. Base de pesquisa é o Registro Nacional de Veículos Automotores (Renavam). Citados apenas os modelos mais representativos (mínimo de dois) e em razão da importância do segmento. Compilação de Paulo Garbossa, da consultoria ADK.

Hatch subcompacto:Mobi, 55%; Kwid, 43%; iCar, 1%. Mobi confirma.

Hatch compacto: HB20/X, 23%; Onix, 20%; Gol, 17%; Argo, 15%; 208, 7%; Yaris, 6%; City, 4%; C3, 2,6%; Sandero/Stepway, 2,5%; Polo, 2%. Líder sem grande folga.

Sedã compacto: Onix Plus, 31%; Cronos, 17%; Voyage, 15%; HB20S, 11%; City, 9%; Yaris, 6%; Logan, 4%; Versa/V-Drive, 2,3%; Virtus, 2,2%. Onix ampliou vantagem.

Sedã médio-compacto: Corolla, 75%; Cruze, 15%; Civic, 4%. Dono do segmento com enorme folga.

Sedã médio-grande: BMW Série 3/4, 75%; Mercedes Classe C, 14%; Audi A5/S5/RS5, 5%. Sem ameaças ao BMW.

Sedã grande: Taycan, 31%; Panamera, 30%; BMW Série 5/6, 17%. Elétrico lidera por margem mínima.

Cupê esportivo: Mustang, 53%; BMW M3/M4, 32%; Challenger, 6%. Mustang avançou.

Cupê esporte: 911, 56%; 718 Boxster/Cayman, 12%; Corvette, 8%. 911 imbatível.

SUV compacto: Tracker, 15%; T-Cross, 14%; Creta, 13%; Renegade, 10,8%; Pulse, 10,7%; Nivus, 8,3%; Kicks, 8,2%; Duster, 5%; C4 Cactus, 3,9%; HR-V, 3,2%; Fastback, 2,1%; Tiggo 5x, 2%; 2008, 1%. Novo líder, mas por pouco.

SUV médio-compacto: Compass, 44%; Corolla Cross, 29%; Taos, 8%. Compass manteve liderança.

SUV médio-grande: Commander, 35%, SW4, 21%; Tiggo 8, 16%. Commander liderou com folga.

SUV grande: BMW X5/X6, 23%; Cayenne, 14,6%; XC90, 14%. X5/X6 aumentaram a vantagem.

Picape pequena: Strada, 76%; Saveiro, 16%; Oroch, 8%. Ampliado domínio absoluto da Strada.

Picape média (carga 1.000 kg): Toro, 28,6%; Hilux, 28%; S10, 16%. Toro ameaçada pela Hilux.

ALTA RODA

RENAULT conta com a boa recepção dos motoristas de aplicativos para aumentar a frota de Kwid E-Tech 100% elétrico na cidade de São Paulo (SP). Hoje há 80 unidades, mas pretende aumentar para 200 nos próximos meses. Em parceria com a Zarp Localiza inaugurou duas salas de espera confortáveis com carregadores ultrarrápidos, ambas com locais de descanso e atendimento para dois carros. O e-Tech tem vocação urbana, onde mostra acelerações rápidas e ótima regeneração nas desacelerações e frenagens. Durante avaliação o modo ECO mostrou-se o mais equilibrado na relação desempenho-consumo de energia. Ao usar o ar-condicionado em dias muitos quentes, o alcance cai e o modo ECO torna-se imprescindível. Esta situação também ocorre em estradas. Porém, controlando o pé no acelerador e de olho no alcance informado no quadro de instrumentos é possível chegar ao destino sem ansiedade ou precisar parar para recarregar e eventualmente encontrar uma fila.

GOODYEAR vai aumentar de 70% (já em 2023) para 90% (em data a definir) a aplicação de materiais sustentáveis em seus pneus. Além disso, estes terão menor resistência ao rolamento e, portanto, diminuem o consumo de combustível. São 17 novos ingredientes, inclusive óleo de soja que substitui o uso de subprodutos do petróleo. No entanto, não compete com alimentos e nem com ração animal, pois são utilizados apenas os excedentes naturais do processamento da proteína de soja. A marca americana pretende até 2030 produzir pneus 100% sustentáveis. Quanto ao custo de produção e o reflexo no preço final, ainda não há informações.


*Fernando Calmon, engenheiro e jornalista especializado desde 1967. Sua coluna automobilística semanal “Fernando Calmon” estreou em 1999. Publicada em UOL Carros e em uma rede de mais de 60 portais, sites, blogs, jornais e revistas pelo País. Diretor de redação da revista Top Carros. Correspondente para América do Sul do site Just-auto (Inglaterra). Em abril de 2015, apontado como o mais admirado jornalista automobilístico do País por 400 profissionais do setor. Consultor técnico de automóveis, de mercado automobilístico e de comunicação.

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