Tarcisio Dias*
O Brasil é um país continental com diversas situações acontecendo ao mesmo tempo. E não seria diferente quando abordamos os veículos eletrificados por aqui. Enquanto no mundo todo a eletrificação bate na porta, por aqui as previsões de futuro vão se tornando realidade, mas não será da noite para o dia.
Essa semana estou avaliando o Peugeot e2008, veículo totalmente elétrico que chamaria de elétrico de entrada, tem um visual muito bonito, bom acabamento interno, mas é comportado na dinâmica elétrica, o que ainda assim entrega uma boa performance e se destaca nas ruas pelo silencio no trânsito.
E a principal dúvida das pessoas que me encontram na rua com um elétrico é saber como farei para carregar a bateria, visto que a autonomia do modelo no ciclo WLTP é de aproximadamente 345 quilômetros.
Talvez esse seja o principal entrave do elétrico em grande parte do Brasil, depois do preço de aquisição, relativamente caro quando comparado com os motores de combustão interna, mas que precisam ganhar escala de produção para se tornarem competitivos.
Para você que ainda insiste em falar que o futuro será dos veículos elétricos observe ao seu redor: temos mais de 100 modelos com algum tipo de eletrificação (100% elétricos ou híbridos) atualmente no mercado brasileiro. Esse número já aproxima nosso mercado do europeu, que oferece entre 150 e 200 modelos de veículos elétricos. Talvez o futuro já tenha chegado no presente, não?
Um dado ainda mais interessante: em 2022 os carros eletrificados venderam mais do que os exclusivamente a gasolina no Brasil pela 1ª vez na história. De acordo com a Anfavea os carros elétricos ou híbridos registraram 49.245 vendas em 2022, enquanto os com combustão interna, movidos somente a gasolina (os que não são flex, portanto) emplacaram 48,8 mil novas unidades entre janeiro e dezembro.
Para Adalberto Maluf, presidente da ABEV – Associação Brasileira do Veículo Elétrico, o mercado brasileiro de eletromobilidade está muito mais diversificado, em condições de atender a um número cada vez maior de compradores, e essa tendência vai ser ampliada nos próximos meses.
A estrada da eletrificação para os veículos no mercado brasileiro tem muitos desafios e no médio prazo a indicação é a hibridização, ou seja, veículos que combinam o motor de combustão interna com algum tipo de eletrificação, entregando boa performance dinâmica, mas principalmente melhor eficiência energética. Esse assunto está só começando por aqui.
CARREGANDO O VEÍCULO ELÉTRICO – Por mais que muitas pessoas acreditem que basta apenas conectar o automóvel na tomada, não é apenas isso que os condomínios e empreendimentos residenciais precisam. Tem que observar a demanda do local e a capacidade do sistema elétrico. É importante estudar como estabelecer regras para o uso coletivo dos carregadores, principalmente em prédios residenciais.
MOTO FLEX – A tecnologia bicombustível para motocicletas foi desenvolvida especialmente para o mercado brasileiro e introduzida no país com a CG 150 Titan Mix. A Honda comemorou a produção de 8 milhões de motos flex em sua fábrica de Manaus (AM). O marco foi protagonizado por uma CG 160 Fan.
A tecnologia que é um diferencial brasileiro será exportada para um dos maiores mercados do mundo, a Índia, a partir desse ano.
*Tarcisio Dias – Profissional e técnico em Mecânica, além de Engenheiro Mecânico com habilitação em Mecatrônica e Radialista. Desenvolve o site Mecânica Online® (mecanicaonline.com.br) e sua exclusiva área de cursos sobre mecânica na internet (cursosmecanicaonline.com.br), uma oportunidade para entender como as novas tecnologias são úteis para os automóveis cada vez mais eficientes.