Lucia Camargo Nunes é economista e jornalista especializada no setor automotivo, editora do portal www.viadigital.com.br e do canal Via Digital Motors no YouTube.

Depois de muitos rumores e espera, a Volkswagen lança a linha 2023 do Polo (levemente) reestilizada. Prestes a substituir o Gol, um dos carros mais vendidos do Brasil até hoje, o novo compacto enfrenta controvérsias.

Primeiramente, porque o visual não mudou muito e por dentro, embora a marca afirme ter feito melhorias, as mudanças são sutis, com predominância de plásticos duros. Os preços realmente baixaram, mas houve também um “rebaixamento” de motor, que explicamos a seguir.

Na frente, grade e para-choque são novos e os faróis ganharam LED. Atrás, mudaram basicamente para-choques e elementos da lanterna. Por dentro, o Polo recebeu novos materiais em revestimentos e texturas.

Versões, motores e preços

Produzido na planta Anchieta, em São Bernardo do Campo (SP), o Polo tem quatro versões. A de entrada, MPI, custa R$ 82.990, mantém o motor 1.0 de até 84 cv com câmbio manual de 5 marchas. Traz 4 airbags, rodas de aço de 15” com calotas, vidros elétricos dianteiros, multimídia mais simples de 6,5” com espelhamento por fios e volante multifuncional. A anterior saía por R$ 78.500.

Acima desse vem o Polo TSI, que não existia antes, por R$ 92.990. Seu motor é o TSI 170, 1.0 turbo de 116 cv (que era usado no finado Up!), caixa manual de 5 marchas (inédita) e alguns itens estéticos e de conforto a mais que o de entrada.

Por R$ 102.990, a Comfortline acrescenta a transmissão automática de 6 velocidades, partida por botão e piloto automático.

O problema é que essa versão, que custava R$ 109 mil antes da reestilização, vinha com o motor 200 TSI, 1.0 turbo de 128 cv e 20 kgfm de torque. Agora é o mesmo 1.0 turbo do Up! com 116 cv e 17 kgfm.

O multimídia VW Play só aparece na versão Highline (motor 170 TSI), de R$ 109.990, que ainda traz rodas de liga de 16”, ar-condicionado digital automático, sensor de estacionamento dianteiro e câmera de ré. Seu antecessor, mais potente, custava R$ 117 mil.

Por que é polêmico?

Os preços das versões turbo caíram, mas o motor perdeu potência e torque. Fora isso, os freios traseiros, antes a disco, passaram a ser tambor, uma involução. A Volks alega que a troca aliviou o peso e que os freios a disco na dianteira garantem a mesma capacidade de frenagem.

Em contrapartida, a vantagem dos novos motores é o consumo. Com gasolina, o MPI faz 14/15,4 km/l (cidade/estrada). Já o 1.0 turbo manual rende 14/16,4 km/l enquanto o automático cai para 12,5/15,3 km/l.

Em relação ao motor 200 TSI, só automático, a redução de consumo do 170 TSI não é tão expressiva: nas mesmas condições, fazia 12,2/15,1 km/l.

Vamos ver como o consumidor, cada vez mais exigente, encara essas novidades. O Polo, no acumulado de janeiro a agosto, tem parcos 1,1% de market share (2.325 unidades), enquanto o HB20 encosta em 30% (61.900) e o Onix, 25% (52.500). Isso sem falar no novo Citroën C3, Peugeot 208 e Honda City que brigam na mesma faixa de mercado.

A Volks deve estar apostando suas fichas no Polo Track, que será uma versão de entrada, mais simples, esperada para início de 2023, como sucessora do Gol. Uma difícil missão, já que o compacto quarentão acumula 47 mil emplacamentos este ano e é líder do segmento de entrada.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *